E hoje voltei a sentir necessidade de escrever.
Embalada pela guitarra do vizinho de cima, não sei bem se me perco nas recordações ou se me escondo das previsões. Só sei que hoje voltei a sentir que o chão me escapava, que continua a faltar-me um não sei quê que julgava ter. É medo, decerto.
É a vontade de chorar porque tudo parece desencaixado e fora do lugar. Ou então fui eu que me desajustei do cantinho de onde estava, contente e liberta, e fiquei nova e momentaneamente perdida num espaço ou num tempo que não sei identificar.
Parece-me que tudo o que tem parecido existir afinal não passou de uma grande trapalhada desta minha cabeça tola que insiste à força em sonhar, e algo estranho parece empurrar-me para me mostrar que não é bem assim como eu tenho andado a ver. E eu movo-me, alucinada, entre ideias e possibilidades, baralhando as cartas e deitando-as à minha frente como se da minha sina se tratasse. Acho que o ciclo em que eu acreditava ser feliz está a chegar ao fim. Afinal, sempre chega. Ou sou eu que de tanto querer ver esse fim longe, acabo por acordá-lo e chamá-lo para mim.
Sei que me sinto cansada. Sou eu mesma a fonte da minha desilusão.
. Pompoarismo ou Arte-de-de...